domingo, 23 de agosto de 2015

Vale à pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda

Capítulo VIII  por Sérgio Duarte

 Revista Caras lança novo nicho de mercado

Lançada no Brasil em novembro de 1993, resultado de parceria entre a argentina Editorial Perfil e a Editora Abril, a revista Caras inaugurou um novo nicho de mercado na imprensa brasileira: o de celebridades, que acabou tomando o espaço das antigas revistas de fofocas, que eram mais focadas na cobertura de telenovelas e artistas de televisão.

O formato Caras nasceu na Argentina no início dos anos 90, durante o governo Carlos Menem, e muitos consideram o título um reflexo do momento de euforia consumista que tomou conta do país com a paridade entre o dólar e o peso.

Naquele momento, para os novos ricos, verem e serem vistos nas páginas da revista tornou-se requisito fundamental para o sucesso social.

No Brasil, a proposta era semelhante, mas a resposta do público inicialmente não foi tão entusiasmada. Coincidência ou não, a Caras só passou a ser vista como um fenômeno de mídia quase dois anos depois do seu lançamento, curiosamente no momento em que a estabilização da moeda no Brasil fez emergir uma nova onda de endinheirados em busca dos holofotes da celebridade.

Hoje a Caras é considerada a revista mais lida do Brasil, porque além da sua circulação, de 244 mil mensais (de acordo com o IVC de novembro de 2007), estimasse que cada exemplar é lido, em média, por dez pessoas.

A Veja tem circulação de cerca de 1 milhão por mês, mas cada exemplar tem número médio de leitores bem menor.

Tanto sucesso - inclusive comercial - fez escola, e em 1999 a Editora Três lançou a revista IstoÉ Gente. Em 2000 foi a vez de a Editora Globo ingressar no segmento, com a Quem Acontece, com um estilo bem parecido.

A própria Editora Abril, inspirada em Caras, adotou em março de 2004 o formato-padrão do segmento celebridades em sua revista Contigo.

 

 Varejo inunda a mídia e influencia linguagem publicitária


Durante todo o século 20, as principais agências de publicidade nasceram da união entre talento criativo e clientes que investiam alto em suas marcas.

Entretanto, em 2002 ocorreu uma surpresa: o investimento da Casas Bahia em mídia levou a rede varejista do sétimo lugar no ranking Agências e Anunciantes, em 2001, para o segundo posto, perdendo apenas para a Unilever.

Naquele ano, a verba de mídia da empresa foi estimada em R$ 135 milhões, 61% a mais do que em 2001.

O ranking de 2002 mostrou que o avanço das redes de varejo popular era consistente: além de Casas Bahia, Lojas Marabraz saltou da 21a para a quinta colocação (com compra de mídia de R$ 91,4 milhões), e o Ponto Frio ascendeu 12 posições, ficando entre os 20 maiores.

Tudo isso preparou o mercado para que, em 2003, Casas Bahia e sua agência, NewcommBates, assumissem a dianteira do ranking, posição de que não abriram mão até hoje - embora atualmente a agência se chame Y&R.

A associação entre as duas começou na virada da década e pode ser interpretada como uma decisão estratégica da rede de lojas, que viu nos investimentos em comunicação um caminho para acelerar seu crescimento.

Em 2003, as lojas da família Klein investiram R$ 378 milhões em mídia e, naquela época, o garoto-propaganda da Casas Bahia era o ator com mais tempo de exposição na mídia brasileira.


Em 2006, os investimentos chegaram a R$ 807 milhões, e a segunda colocada, a Unilever, investiu R$ 426 milhões, "encurtando" a distância até o primeiro lugar. Para acompanhar o fluxo do dinheiro, diversas agências abriram departamentos - ou mesmo filiais - especializados em campanhas para os varejistas. Mais ágeis e rentáveis e bem menos preocupadas em produzir grandes sacadas criativas, essas unidades se tornaram verdadeiras minas de ouro. Muitos publicitários, entretanto, continuavam a ver o trabalho direcionado ao varejo como uma forma "menor" de publicidade.