terça-feira, 31 de março de 2015

Vale á pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda IV

Vale á pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda.

Capítulo IV por Sérgio Duarte

 A privatização da telefonia fixa e o surgimento da telefonia móvel


Até então sob monopólio do Estado através do sistema Telebrás, a telefonia fixa brasileira foi privatizada em 1998 e abriu caminho para investimentos vindos de empresas privadas, modernizando e barateando o acesso às linhas telefônicas.

Juntamente com a abertura de mercado e concorrência, o Brasil viu surgir uma gama de novos e importantes anunciantes, como a espanhola Telefônica, dispostos a investir polpudas verbas publicitárias, com o objetivo de conquistar os consumidores e garantir significativa participação no setor.

Também foi consequência da privatização a popularização das empresas responsáveis pelas chamadas de longa distância nacionais e internacionais.

Fora dos domínios do governo, a telefonia abriu as portas para a entrada dos telefones celulares, sendo que o primeiro aparelho foi introduzido no País em 1993 e os dispositivos começaram a chegar às mãos dos consumidores dois anos depois.

Hoje, com um grande número de operadoras atuantes, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já registra milhões de linhas habilitadas.

Os telefones celulares se transformaram em companheiros inseparáveis dos brasileiros, cada vez mais ávidos por novas tecnologias.

Com a telefonia móvel surgiram também novas oportunidades de mídias e negócios, como acesso à internet por dispositivos móveis e inserções publicitárias dos mais variados modelos através do Mobile Marketing, que tende a ganhar mais força na telefonia móvel. 


Below the line ganha espaço na verba de marketing


Nos últimos anos, mais notadamente na década passada, os serviços especializados de marketing, convencionalmente chamados "Below The Line", ganharam tamanha força que, nos mercados mais maduros do mundo, entre os quais o brasileiro, havia atraído mais investimentos que a publicidade tradicional - o "Above The Line".

Foram frequentes ações cujo foco foram justamente na estratégia promocional, de marketing direto, ou no merchandising de ponto-de-venda, palco que ganhou notoriedade, sofisticação e importância crucial para muitas categorias de produtos de consumo.

Eventos com o uso da própria marca, como o Skol Beats, Claro que é Rock e Tim Festival, tornaram-se comuns e outros, como o Festival de Parintins e Planeta Atlântida, passam a atrair grandes patrocinadores.

Tal movimento gerou uma reação do mercado, incluindo a ampliação da oferta de serviços pelas agências antes dedicadas exclusivamente à publicidade tradicional, que viram as verbas por elas administradas vazarem por entre os dedos rumo ao "below the line".

O perfil das agências ganhou novos contornos. O mercado, por sua vez, passou a assistir a muitas negociações de compra de empresas independentes por grandes grupos multinacionais, dispostos a não perder fatias valiosas do investimento de seus clientes.

Desde então, repete-se como mantra a promessa de "pensamento 360 graus" ou de "atuação multidisciplinar".


O reconhecimento em Cannes começou em 2003, com a criação dos Direct Lions, e em 2006, com os Promo Lions. Entretanto, como o mercado vive um momento de transição, onde empresas convivem paralelas à atuação de agências 100% focadas nas diversas especialidades dos serviços de marketing.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Vale á pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda.III

Vale á pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda.

Capítulo III por Sérgio Duarte

 O advento da internet, no início dos anos 90

No início dos anos 90 surgia a internet no Brasil. Até então era inimaginável conversar com pessoas de qualquer parte do mundo e em tempo real se não fosse pelo telefone.

Pioneiro nesse mercado, Aleksandar Mandic trouxe ao País o primeiro sistema BBS, software que permite a conexão via telefone a um sistema através do computador.

Hoje a forma de conexão evoluiu graças à banda larga, que eliminou a necessidade do acesso discado.
As primeiras páginas que surgiram foram as de notícias, seguidas por sites de compras, pesquisas e entretenimento, até chegar, em 1998, ao lançamento do Google, banco de dados virtual que revolucionou a maneira de fazer pesquisas.

Com as evoluções tecnológicas e a popularização da internet - que hoje atinge milhões de internautas no Brasil, a rede criou também um novo ambiente para o desenvolvimento da publicidade, gerando formatos distintos, que vão de banners até campanhas interativas, além de permitir uma mensuração mais abrangente e precisa de resultados.

Os consumidores, até então passivos, ganharam poder e maior liberdade de expressão através dos blogs e redes sociais, obrigando uma adaptação generalizada por parte dos que querem ganhar a confiança dos consumidores.

Hoje o canal internet faz parte das estratégias de comunicação de empresas de todos os portes, abocanhando em torno de 4,5% de toda a verba publicitária disponível no País (ver resultados dos projetos Intermeios das Pricewaterhousecoopers).

Sua penetração e alcance, no entanto, conferem à web características de mídia de massa.

A revolução provocada pelo surgimento da web extrapolou o mercado de comunicação e mídia, transformando também hábitos culturais, que alimentam a economia digital mundialmente - e cujos players se valorizam muito mais do que as empresas da economia tradicional.

Você acredita no fim da mídia tradicional?


Surgimento da TV paga no início dos anos 90


A imagem nem era tão boa assim. Na tela, ao vivo, mísseis atravessavam o céu enquanto o correspondente da CNN, Peter Arnett, relatava os últimos acontecimentos da Guerra do Golfo.

Era 1990, época em que a TV paga ainda era uma novidade cara e ausente da maior parte dos lares.

Entretanto, com a transmissão da guerra ao vivo, as pessoas começaram a perceber utilidade no investimento.

O caminho da TV paga no mercado brasileiro foi, desde os primeiros passos, cheio de interferências.

O seu marco inicial data de dezembro de 1989, no final do governo de José Sarney, com a regulamentação da Distribuição de Sinais de Televisão (DISTV), por decisão do então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, que dois anos antes, havia baixado um decreto que regulamentou o que foi chamado de Serviço Especial de Televisão por Assinatura.

A combinação destes decretos regulou o setor até a promulgação da Lei do Cabo, em janeiro de 1995.

A TV por assinatura só ganhou alguma massa crítica com o lançamento da TVA, do Grupo Abril, em 1991, em São Paulo, que entrou em operação através do sistema MMDS com os canais CNN (TVA Notícias), Showtime (TVA Filmes), TNT (TVA Clássicos), ESPN (TVA Esportes) e Supercanal (depois rebatizado de HBO).

No mesmo ano, as Organizações Globo contra-atacaram e lançaram o canal Multishow e a Globonews.

E com mais opções de programação, e a competição entre operadoras promovendo a expansão das redes, entre 1994 e 1997 o novo meio ganhou impulso e o número de assinantes saltou de 400 mil para 2 milhões no período.

As emissoras passaram a ganhar mais espaço no planejamento de mídia dos anunciantes e colaboraram no processo irreversível de pulverização dos investimentos publicitários.

Você acredita no fim da TV tradicional nos próximos anos?


segunda-feira, 23 de março de 2015

A criação do Conar - Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária

 A criação do Conar - Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária



No ano de 1978, em pleno cenário político da ditadura militar brasileira, o presidente Ernesto Geisel promovia a ideia de criar um departamento para o controle da publicidade, sob o argumento de que este serviria para combater as distorções veiculadas nas propagandas.

Na tentativa de livrar o setor da censura, alguns publicitários  liderados por Mauro Salles, Caio Domingues, Luiz Celso de Piratininga e Geraldo Alonso (na foto), redigiram o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária.

A função do Código era estabelecer as normas éticas do próprio mercado, zelando pela liberdade de expressão e de concorrência entre criativos, agências, anunciantes e consumidores, e mostrar ao governo que a profissão tinha capacidade de se autorregulamentar.

Apoiado por todas as frentes envolvidas no assunto, o Código logo passou a vigorar entre os profissionais do mercado.

Para fazer com que ele, entretanto, fosse regulamentado e cumprido, em 1980 surgiu o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, o Conar, iniciativa pioneira que serve até hoje como referência para outros países, que criaram entidades similares.

Desse período em diante, já coube ao órgão a avaliação do conteúdo ético de mais de 5 mil peças publicitárias, assim como a determinação da suspensão ou não de alguma veiculações.

A tarefa do Conselho de Ética do Conar é julgar as reclamações a respeito de propagandas consideradas ofensivas, apelativas ou que atentem contra a lealdade aos consumidores e ao mercado concorrente.

Você acredita que o Conar é um órgão forte nos dias atuais?

Constituição de 1988 ratifica a liberdade de imprensa no País


A Constituição Federal de 1988 é considerada decisiva pela indústria brasileira de comunicação, por ter apagado os rastros do regime militar e estabelecido os princípios democráticos no País.

Após a volta das eleições diretas para presidente da República, as principais entidades do setor - ANJ, Abert e Aner - estão em permanente vigilância contra ações que ameacem a atividade dos profissionais de imprensa.

Na prática, o processo foi iniciado em 15 de janeiro de 1985, quando o Colégio Eleitoral elegeu o então deputado Tancredo Neves, que concorrera com Paulo Maluf, como novo presidente da República. O parlamentar, contudo, não chegou a assumir o cargo por problemas de saúde, tendo logo falecido. Assumiu, então, o vice-presidente José Sarney.

Nesse mesmo ano, foram eleitos os deputados e senadores que formaram a Assembleia Constituinte, responsável por escrever a nova Carta Magna, que teve o então deputado federal Artur da Távola como principal articulador.

Além da liberdade de expressão, a Constituição de 1988 também abriu caminho para o ingresso de 30% de capital estrangeiro em empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de som e imagens, uma antiga reivindicação do setor que se materializou em 2001.

O artigo 222 da nossa constituição autorizou que pelo menos 70% do capital total e do capital votante dessas empresas permaneçam direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exerçam obrigatoriamente a gestão das atividades e estabeleçam o conteúdo da programação.

A Carta Magna também deu vez e voz ao consumidor, com o estabelecimento de normas para defendê-lo.

Foi, assim, por meio da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, que se materializou o Código de Defesa do Consumidor.


Você acredita que com a entrada de estrangeiros nos negócios da Comunicação não haverá interferência no conteúdo levado ao consumidor?

quinta-feira, 19 de março de 2015

A teoria hipodérmica - A teoria da Bala

A teoria hipodérmica - A teoria da Bala

Adaptado por Sérgio Duarte do livro
 Teorias da Comunicação de Mauro Wolf

Historicamente, a teoria hipodérmica coincide com o período das duas guerras mundiais e com difusão em larga das comunicações de massa; e representou a primeira reação que este último fenômeno provocou entre estudiosos de proveniência diversa.

Encerrada entre estes dois elementos, a teoria hipodérmica é uma abordagem global aos Mass Media, indiferente à diversidade existente entre os vários meios e que responde à interrogação: que efeito tem os Mass Media numa sociedade de massa?

A principal componente da teoria hipodérmica é, de fato, a presença explícita de uma «teoria» da sociedade de massa, enquanto, no aspecto «comunicativo», opera complementarmente uma teoria psicológica da ação.

Além disso, pode descrever-se o modelo hipodérmico como sendo uma teoria da propaganda e sobre a propaganda; com efeito, no que diz respeito ao universo dos meios de comunicação.  

A sociedade de massa

A presença do conceito de sociedade de massa é fundamental para a compreensão da teoria hipodérmica que, por vezes, se reduz a uma ilustração de algumas das características dessa sociedade.

Como foi afirmado, o conceito de sociedade de massa não só tem origens remotas na história do pensamento político como presença componente e corrente bastante diversa; trata-se, em suma, de um «termo guarda-chuva» de que, a cada passo, seria necessário precisar a utilização e a acepção.

Dado não se poder reconstituir pormenorizadamente a sua gênese e a sua evolução, é suficiente que se especifiquem algumas das suas características principais, sobretudo as mais importantes para a definição da teoria hipodérmica.

São muitas as “variantes” detectáveis no conceito de sociedade de massa.

Para o pensamento político oitocentista de aspecto conservador, a sociedade de massa é, sobretudo a consequência da industrialização progressiva, da revolução dos transportes e do comércio, da difusão de valores abstratos de igualdade e de liberdade.

Estes processos sociais provocam a perda da exclusividade por parte das elites que se veem expostas às massas.

O enfraquecimento dos laços tradicionais (de família, comunidade, associações de ofícios, religião, etc.) contribui, por seu lado, para afrouxar o tecido conectivo da sociedade e para preparar as condições que conduzem ao isolamento e à alienação das massas.

Uma corrente diversa é representada pela reflexão sobre a «qualidade» do homem-massa resultante da desintegração da elite. Ortega y Gasset (1930) descreve o homem-massa como sendo a antítese da figura do humanista culto.

Embora a ascensão das massas indique que a vida média se processa a um nível superior aos precedentes, as massas revelam, todavia, “um estado de espírito absurdo: preocupam se apenas com o seu bem-estar e, ao mesmo tempo, não se sentem solidárias com as causas desse bem estar” (ORTEGA Y GASSET, 1930, p.51), demonstrando uma ingratidão total para com aquilo que lhes facilita a existência.

Uma linha diferente de análise diz respeito à dinâmica que se instaura entre o indivíduo e a massa e o nível de homogeneidade em redor do qual se congrega a própria massa. Simmel afirma que “a massa é uma formação nova que não se baseia na personalidade os seus membros, mas apenas naquelas partes que põem um membro em comum com os outros todos e que equivalem às formas mais primitivas e ínfimas da evolução orgânica (...)”.

Daí que sejam banidos deste nível todos os comportamentos que pressupõem a afinidade e a reciprocidade de muitas opiniões diferentes.

As ações da massa apontam diretamente para o objetivo e procuram atingi-lo pelo caminho mais curto, o que faz com que exista sempre uma única ideia dominante: a  mais simples possível.

Para além das oposições filosóficas, ideológicas e políticas existentes na análise da sociedade de massa - interpretada quer como a época da dissolução da elite e das formas sociais comunitárias, quer como o início de uma ordem social mais participada e partilhada, quer, finalmente, como uma estrutura social gerada pela evolução da sociedade capitalista - há certos traços comuns que caracterizam a estrutura da massa e o seu comportamento.

A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, enquanto seus membros, são essencialmente igual, indiferenciáveis, mesmo que provenham de ambientes diferentes, heterogêneos, e de todos os grupos sociais.

Além disso, a massa é composta por pessoas que não se conhecem, que estão separadas umas das outras no espaço e que têm poucas ou nenhumas possibilidades de exercer uma ação ou uma influência recíproca.

Por fim, a massa não possui tradições, regras de comportamento ou estrutura organizativa (BLUMER, 1936 e 1946).

Esta definição de massa como um novo tipo de organização social é muito importante por vários motivos: em primeiro lugar, porque põe em destaque e reforça o elemento fundamental da teoria hipodérmica, ou seja, o fato de os indivíduos estarem isolados, serem anônimos, estarem separados, atomizados.

Portanto, o isolamento físico e «normativo» do indivíduo na massa é o fator que explica em grande parte o realce que a teoria hipodérmica atribui às capacidades manipuladoras dos primeiros meios de comunicação.

Os exemplos históricos dos fenômenos de propaganda de massas durante o fascismo e nos períodos de guerra forneceram provas a tais modelos cognitivos.

Um segundo motivo importante nesta caracterização da massa é a sua continuidade como parte importante da tradição europeia do pensamento filosófico político: a massa é um agregado que nasce e vive para além dos laços comunitários e contra esses mesmos laços, que resulta da desintegração das culturas locais e no qual as funções comunicativas são necessariamente impessoais e anônimas. A fragilidade de uma audiência indefesa e passiva provém precisamente dessa dissolução e dessa fragmentação.

Logo, segundo a teoria hipodérmica, “cada indivíduo é um átomo isolado que reage isoladamente às ordens e às sugestões dos meios de comunicação de massa monopolizados” (WRIGHT MILLS, 1963, p. 203).

Se as mensagens da propaganda conseguem alcançar os indivíduos que constituem a massa, a persuasão é facilmente “inoculada”. Isto é, se o “alvo” é atingido, a propaganda obtém o êxito que antecipadamente se estabeleceu (e de fato, a teoria hipodérmica é também denominada Bullet Theory) (SCHRAMM, 1971).

Nota: O Modelo da Teoria Hipodérmica- Bullet Theory  A Teoria Bala possui uma estrutura bem simples, 
representada pela formula estímulo resposta:   E  >>>  R.

Onde E significa estímulo e R resposta. 
A forma de dualidade mostra que o E é um elemento crucial que compreende todo o indivíduo, 
de onde se espera que uma resposta seja produzida inevitavelmente. Ou seja, o indivíduo pode ser controlado, manipulado e induzido a agir

Fonte: Wolf, Mauro. Teorie delle Comunicazioni di Massa. Trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença, Lda. 5. Ed. , Lisboa, Setembro, 1999.



segunda-feira, 16 de março de 2015

Vale á pena ler de novo: fatos que marcaram a nossa Propaganda.

Capítulo I por Sérgio Duarte

O banimento do cigarro na publicidade.

Até 1999, a indústria mundial de cigarros investia 6% do seu lucro bruto em publicidade, o dobro do praticado por outros setores.

A proibição da publicidade de cigarros em TVs, rádios, outdoors e internet foi definida por legislação em dezembro de 2000, época em que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), era ministro da Saúde e defensor da medida.

A lei proibiu ainda ações de merchandising e patrocínio de eventos.
Esta última restrição entrou em vigor em 2003. O prazo foi concedido para adaptação das empresas às normas, como ocorreu na etapa brasileira da Fórmula 1.

Uma das soluções para o fabricante de cigarros Philips Morris foi exibir sua logo no carro de corrida e macacão da Ferrari em apenas quatro dos 17 países onde foram disputadas as provas.

Nas décadas anteriores, o uso do cigarro estava aliado à sensualidade, à virilidade e até à saúde, com o uso de esportistas como garoto-propaganda.

Nos anos 1980, a publicidade passou a destacar o baixo teor de tabaco, como a da marca Free, mas os fabricantes passaram a ser obrigados a estampar na embalagem dos produtos fotos das doenças e perigos do fumo, a partir de 2001.

A proibição da publicidade de cigarros criou precedente para que outros setores em especial o de bebidas se tornassem alvo de restrições à sua comunicação comercial tanto por parte do Executivo federal como do Legislativo.

O Conar tem reagido a esse movimento.Uma das principais medidas foi a criação da nova autorregulamentação para a publicidade de bebidas alcoólicas, que entrou em vigor em 2003, criando regras mais rígidas.

O embate continua até dos dias atuais, e em 2007, o governo federal criou a Política Nacional sobre o Álcool, para coibir abusos e tramita através do Ministério da Saúde pode um projeto de lei ao Congresso Nacional para restringir publicidade de bebidas alcoólicas.

Você acredita que não teremos (no futuro mais) comerciais das atuais marcas de cerveja,
que invadem nossa tela nos dias quentes de verão?


Rock in Rio inaugura era dos grandes festivais


Um simples briefing da cervejaria Brahma de 1984, que queria lançar uma nova marca no mercado, foi à centelha para a criação do maior festival de rock do mundo até então.


Naquela época, o único paralelo que havia era Woodstock, o famoso festival hippie dos anos 60, tempo em que a palavra patrocínio ainda era desconhecida do grande público.

O Rock in Rio acontecia em janeiro de 1985, nascido com a proposta de ser uma plataforma de comunicação para seu patrocinador.

Roberto Medina, fundador e presidente da Artplan, acreditava em um exponencial retorno para a marca de seu cliente ao apresentar dez dias de shows com as maiores estrelas da música pop mundial, que trariam média de 200 mil pessoas por dia.

Foram mais de 30 atrações, das quais metade era internacional, e não havia no Brasil a tradição de sediar grandes turnês.

A cerveja em questão, a Malt 90, não existe mais, porém viveu intensamente enquanto esteve associada ao Rock in Rio, tendo permanecido nas gôndolas até início dos anos 90.

Apesar de só repetido no Brasil em 1991, com patrocínio da Coca-Cola, e em 2001, com a America Online, o Rock in Rio inaugurou uma era de grandes eventos e deu um sentido mais profissional ao conceito de marketing de entretenimento; além de lançar a música como plataforma de comunicação de grandes marcas, conceito hoje tão comum.

Em 2004, o evento voltou à cena, quando Medina conseguiu, às vésperas da Eurocopa, realizar o Rock in Rio Lisboa, com patrocinadores como o banco BCP Millenium e a Vodaphone.

Em 2009, Portugal recebe a terceira edição e Madrid, a sua primeira. Na Espanha, todas as cotas de patrocínio foram vendidas antes mesmo do anúncio de qualquer banda.

No Brasil foram vendidas camisetas com os dizeres: “Eu fui” depois do primeiro Rock In Rio. Depois na Espanha, tivemos: "Yo voy" tema da campanha elaborada pela Artplan, inspirada no bordão criado em 1985.

Você acredita que o mercado americano, conhecido por “ Show Business” 
ou Show Biz vai recepcionar o Rock in Rio, como ocorrido na Europa?

segunda-feira, 9 de março de 2015

Dilma, o Duplo fluxo da Comunicação e a nossa Eleição Presidencial


O Duplo fluxo da Comunicação e a nossa Eleição Presidencial

Os efeitos provocados pelos meios de comunicação de massa
“dependem das forças sociais que predominam num determinado período”
(LAZARSFELD, 1940, p.330).

Num trabalho levado a efeito durante a Segunda Guerra Mundial sobre a questão dos efeitos que obtinha a propaganda aliada dirigida às tropas alemãs a quem pretendia convencer a depor as armas, Shils e Janowitz (1948) salientavam que a eficácia dos Mass Media (a mídia de massa) só é suscetível de ser analisada no contexto social em que atua.

E mais ainda do que do conteúdo que difundem, a influência da Mídia depende das características do sistema social. E isto ficou claro nas últimas eleições para a presidência do Brasil , no ano passado.

Indo à diante, vemos que a Teoria dos Efeitos Limitados (TEL) deixa de salientar a relação causal direta entre propaganda de massas e manipulação da audiência para passar a insistir num processo indireto de influência em que as dinâmicas sociais se intersectam com os processos comunicativos, explica Mauro Wolf (1999).

Na realidade, as pesquisas mais famosas e notáveis que se expuseram  a TEL nem sequer se dedicaram a estudar especificamente os Mass Media, mas fenômenos mais amplos, como os processos de formação de opinião, no seio de determinadas comunidades sociais.

A obra de Lazarfeld, The People's Choice. How the Voter Makes up his Mind in a Presidential Campaign – versa sobre como as pessoas fazem suas escolhas em eleições para presidência nos Estados Unidos. E aqui, fica a relação entre o passado no período da segunda guerra e as eleições no Brasil.

Neste trabalho, o sociólogo investigou as escolhas dos eleitores do papel da posição socioeconômica, da religião, do grupo etário e de outros fatores sociológicos na predisposição das orientações de voto, como também a correlação entre o grau de interesse, de motivação e de participação na campanha eleitoral.

Os resultados pelos quais este trabalho ficou na história da Comunicação Social foi a “descoberta” dos líderes de opinião e o fluxo de comunicação (LAZARSFELD; BERELSON; GAUDET, 1944, p. 49).

Os líderes de opinião representavam (e representam) a parcela de opinião pública que procura influenciar o resto do eleitorado e que demonstra uma capacidade de reação e de resposta mais atentas aos acontecimentos de uma campanha presidencial, por exemplo. 
Você se lembra de algum líder de opinião nas Eleições de 2014?

Eles constituem, assim, o setor da população - no que respeita à estratificação socioeconômica - mais ativa na participação política e decisiva no processo de formação das atitudes de voto. É o grupo primário no processo de decisão, conforme Lazarsfeld. Os outros... Bem ... As pessoas sem acesso ou mal informadas são reconhecidas por: grupo intermediário. 

Bem, qual grupo você esteve ou pertence?   

Dentro desta dinâmica global de formação das atitudes políticas relacionada com os fatores econômicos, culturais, de motivação e intelectuais dos indivíduos examinados, o efeito global da campanha presidencial na sua totalidade com os discursos, os acontecimentos, os documentos escritos, as discussões, e todo o material de propaganda” (Lazarsfeld ; Berelson ; Gaudet, 1944, p. 101) levam-nos em três direções.

A primeira é de um efeito de ativação (que transforma as tendências latentes em comportamento de voto efetivo): a segunda de um efeito de reforço (que preserva as decisões tornadas, evitando mudanças de atitudes) e a terceira: por um efeito de conversão (pelo fato de as pessoas mais expostas e atentas à campanha eleitoral serem também as que já têm atitudes de voto bem estruturadas e consolidadas, ao passo que as que estão mais indecisas e dispostas a mudar são também aquelas que menos ‘consomem” a campanha eleitoral). 

Isto aconteceu?

O efeito de conversão gerado pela Mídia de Massa é em prática uma redefinição dos problemas [...] sobre os quais as pessoas tinham refletido muito pouco ou aos quais tinham prestado uma atenção limitada.
Adaptado por Sérgio Duarte do livro
 Teorias da Comunicação de Mauro Wolf


Nota:
Paul Lazarsfeld é considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX e foi responsável por grandes contribuições metodológicas e científicas no campo dos estudos de opinião pública, marketing político e mídia de massa. Conhecido por suas duas grandes obras The People's Choice (1944) e Voting (1954), explorou e analisou como a comunicação de massa é capaz de influenciar o eleitor na decisão do voto. Lazarsfeld inaugurou um novo paradigma ao formular a ideia de que a comunicação de massa atua em um modelo de “dois níveis”.

Leia mais em  
Wolf, Mauro. Teorie delle Comunicazioni di Massa. Trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Editorial Presença, Lda. 5. Ed. , Lisboa, Setembro, 1999.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Publicidade na Internet tem retorno?

Publicidade na Internet tem retorno?

A internet parece ter alcançado a maioridade e um de seus principais motivos é a sua estruturação como mídia organizada e relevante para a veiculação de publicidade. Este artigo, de Roberto Guarnieri, também aponta os links patrocinados como o futuro da publicidade on-line.

No exterior, o fenômeno do avanço rápido de novas empresas, negócios e serviços na internet tem sido chamado de web 2.0.

Será uma segunda bolha digital, a exemplo daquela que no Brasil e no mundo estourou em 2000, produzindo estragos desastrosos e jogando sombras sobre a internet como mídia séria e relevante?

Certamente, não. Se alguém duvidava que fosse possível fazer “big money” com serviços on-line, veio o Google para nos desmentir a todos, com faturamento de US$ 6 bilhões.

Também contrariando expectativas, a Amazon.com atravessou toda a crise de 2000 e está aí, dando lucro e preparando-se para entrar em novos mercados, como o de comercialização de música digital.

No Brasil, o comércio eletrônico cresce ano a ano e alcançou, com vendas no varejo, R$ 9,9 bilhões em 2005, valor 32% maior que o de 2004, segundo a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.
Além disso, somos campeões mundiais em tempo de navegação.

A maioridade da internet – Por isso é inegável que a internet no Brasil e no mundo alcançou a maioridade.

Um dos principais motivos, certamente, é a sua estruturação como mídia organizada e relevante para a veiculação de publicidade.

As tecnologias digitais hoje permitem a inserção até de filmes interativos, com qualidade audiovisual igual à da tevê. Sites e portais estabeleceram departamentos de mídia organizados. As formas de mensuração do retorno da publicidade on-line são muito mais completas. É possível saber, em tempo real, quanto tempo uma pessoa assistiu a um comercial e até de que forma.

E quando anunciantes do porte do McDonald´s anunciam que investirão mais em publicidade na internet do que na tevê é um sinal claro de que as coisas mudaram. 

Publicidade na internet funciona, tem alto retorno.

Links patrocinados: o futuro da publicidade on-line – Mas, na minha opinião, o grande “popularizador” da publicidade digital e da mídia internet serão os links patrocinados. Se em 2005 eles ganharam respeito, em 2006 ganharão notoriedade.

O mecanismo de associar informação com publicidade é algo extraordinário e muito
simples: o próprio cliente cria o seu anúncio, define as palavras-chave que exibirão o seu comercial. E só paga pelo clique. Os links patrocinados serão uma forma didática de apresentação dos recursos da propaganda na internet.

Audiência multicanal – O crescimento no Brasil da publicidade na internet será também uma conta simples de aritmética.

Somos 20 milhões de brasileiros (15% da população) com acesso à internet comercial, um público formado em sua maioria pelas classes A e B.

Por isso é um grande contra-senso a internet atrair menos de 2% de toda a verba publicitária.

Por trás do crescimento numérico dos negócios, percebe-se a compreensão do fenômeno da pulverização do público.

A audiência na internet é multicanal, está em vários lugares. Toda a estrutura de negócio deve acompanhar essa realidade, oferecendo um produto e discurso específico para cada público. A compreensão da pulverização do público movimenta e aperfeiçoa os negócios on-line.

O avanço mais consistente da publicidade digital depende, contudo, da ampliação desse público.

Desigual em tantos setores, o Brasil está em dívida também na área digital. É uma questão de justiça e de inteligência promover a inclusão.

Programas como o “PC para Todos” são ainda tentativas tímidas. Precisamos de mais. Pois, se tivermos grandes massas em rede, teremos grandes anunciantes em rede também.

Mas a web 2.0 é uma via por onde guiaremos com segurança. Afinal, fizemos todos, em 2000, um curso de direção defensiva.

Roberto Guarnieri 
é presidente e diretor de criação da agência interativa A1.Brasil.

domingo, 1 de março de 2015

Mudanças que farão diferença nos planos de publicidade online

Mudanças que farão diferença nos planos de publicidade online

A publicidade online evoluiu muito desde os anos 1990, quando os banners eram cafonas e piscavam.

Hoje muito mais sofisticados, os anúncios digitais  são entregues por meio de uma série de canais digitais, de mecanismos de busca aos aplicativos em celular – e cada vez mais anunciantes estão aproveitando os benefícios.

Com a estratégia certa, ferramentas avançadas, e alocação adequada dos recursos, até mesmo as pequenas empresas podem concorrer com gigantes do universo da publicidade online.

Aqui vão algumas pequenas mudanças que você pode fazer para aprimorar a publicidade online e fazer com que seu investimento seja duradouro.

Primeira: reutilize seu conteúdo

De blogs aos tutoriais em vídeos, o Content Marketing pode ter vários formatos, mas sempre é pensado para atingir um único objetivo fundamental – impulsionar a visibilidade online e acelerar o tráfego para o site. Entretanto, criar conteúdo único e interessante é um recurso caro e que demanda compromisso.

A solução? Reutilize seu conteúdo.

Comece com uma base de conteúdo de qualidade que possa ser retrabalhado e convertido em formatos diversos, para audiências distintas. Isso pode ser uma maneira positiva de reforçar a marca em múltiplos espaços.

Segunda: maximize a social media orgânica

O que começou como meio livre tornou-se plataforma paga e multidimensional, onde marcas pagam por quase toda e qualquer interação com seus seguidores.
Esse novo foco em ganhar receita publicitária na social media significa que a vida útil desses posts orgânicos começou a cair.

De algumas horas no Facebook para alguns minutos no Twitter, post orgânicos nunca sofreram tanto.

Isso significa que a publicidade paga é o único caminho para a social media?

Não, só significa que você precisa ser criativo com seus posts. Invista naquele tempo que seus usuários usam redes sociais e publique seus posts nesses momentos;

- Reutilize conteúdo que deu certo no passado para aumentar sua visibilidade;

- Publique posts que sejam ligeiramente controversos – fãs adoram expressar suas visões e isso fará com que seu conteúdo fique no topo dos feeds dos usuários das redes sociais.

Terceira: acerte o SEO (Marketing de Busca)

Mais de 64% do tráfego de um website vem da busca orgânica do Google. Isso significa que garantir que seu site seja facilmente encontrado no Google, você garante um fluxo constante de visitantes.

Para aprimorar sua visibilidade, você precisa assegurar que o SEO esteja funcionando bem. Como?

- Escreva títulos e descrições que ofereçam explicações concisas e claras sobre o conteúdo da página.

- Use tags para imagens com descrições do que representam para ajudar ferramentas de busca a processarem os dados mais facilmente.

- Tenha certeza de que seu site é rápido e fácil de navegar, pois Isso vai engajar usuários distraídos.


Fonte: http://www.proxxima.com.br