“O excesso de informação
provoca amnésia”
A frase de Umberto
Eco (2011) resume o sentimento de muitos profissionais de comunicação ao redor
do mundo e, por que não dizer, da população em geral.
Resultados
que exemplificam essa tensão atual foram obtidos em uma pesquisa especial feita
pelo IBOPE Media. Nela foi observado que um terço dos profissionais se sente
sobrecarregado com a quantidade de
informação com que lidam diariamente.
Também, em
recente pesquisa realizada pela Cisco Visual Networking Index, observou-se que
o tráfego de dados na internet em apenas um dia de 2013 equivale ao tráfego do
ano todo de 2001. É muita informação circulando...
A internet é o estandarte do consumo
assombroso de informação nessa nova era de conhecimento.
O meio, antes
restrito às forças armadas e universidades, já se popularizou suficientemente
para andar de mãos dadas com meios tradicionais de mídia. A penetração da World
Wide Web é de: 64% na Colômbia, 52% no Peru e 50% no Equador.
No Brasil, a
Internet já atinge 56% da população e cresceu 115% desde 2003.
Mas o que é consumir jornal? O que é
consumir televisão?
Para algumas
crianças, ler uma tirinha de jornal significa, única e exclusivamente, segurar
o tablet ou smartphone do pai durante o café e rir enquanto seus personagens
preferidos deslizam ao toque do dedo.
No entanto,
na perspectiva de algumas pessoas, esta criança está consumindo internet. Essa
dualidade de perspectivas também foi observada entre profissionais dos países
visitados.
Ao
responderem se enxergavam a internet mais como um meio ou mais como uma
plataforma de consumo, se dividiram: 33% percebem a internet mais como
plataforma e 67% percebem mais como meio de comunicação.
É como Henry
Jenkis (2010) afirma: “os meios tradicionais não vão morrer, o que vai morrer é
nossa forma de lidar com eles”.
Vivemos a era
do tradigital, onde o consumo ocorre
de três maneiras, exclusivamente tradicional, exclusivamente digital (online) e
tradicional + digital (online).
Analise:
Consumo
|
América Latina
|
Brasil
|
Colômbia
|
Equador
|
Peru
|
TV Tradicional
|
93%
|
92%
|
85%
|
91%
|
93%
|
TV Tradicional +
Digital (online)
|
6%
|
6%
|
14%
|
7%
|
7%
|
TV Digital
|
0%
|
0%
|
0%
|
0%
|
0%
|
Jornal Tradicional
|
44%
|
34%
|
50%
|
63%
|
82%
|
Jornal Tradicional
+ Digital
|
9%
|
9%
|
15%
|
8%
|
10%
|
Jornal Digital
|
5%
|
6%
|
5%
|
2%
|
1%
|
Radio Tradicional
|
64%
|
67%
|
68%
|
73%
|
79%
|
Radio Tradicional +
Digital
|
5%
|
6%
|
13%
|
4%
|
8%
|
Radio Digital
|
1%
|
1%
|
2%
|
1%
|
1%
|
Revista Tradicional
|
20%
|
26%
|
21%
|
16%
|
10%
|
Revista Tradicional
+ Digital
|
2%
|
3%
|
4%
|
1%
|
1%
|
Revista Digital
|
3%
|
4%
|
6%
|
2%
|
2%
|
Fonte:
Target Group Index Latina 2012 (América Latina: Argentina, Brasil, Chile,
Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela)
Nessa era,
não basta consumir ambas as formas separadamente, vivemos uma necessidade
crescente de consumir tudo simultaneamente.
A pesquisa
especial revelou que 88% dos profissionais utilizam dois ou mais meios ao mesmo
tempo.
No Brasil,
55% da população afirma utilizar dois ou mais meios em simultaneamente.
Entre eles, o
que apresenta maior consumo simultâneo no Brasil é a televisão com a internet
(30%).
Meios utilizados em simultaneidade
|
|
TV e internet
|
30%
|
TV e jornal
|
22%
|
Rádio e internet
|
18%
|
TV e revista
|
17%
|
TV e rádio
|
15%
|
Rádio e jornal
|
11%
|
Rádio e revista
|
11%
|
Fonte: Target Group
Index Brasil 2012 (Y13w12)
Muito dessa
convergência para simultaneidade está baseada no crescente acesso a tablets,
smartphones e outros celulares com acesso à internet, que agora oferecem
conteúdo ao usuário mesmo enquanto este, teoricamente, está consumindo outro
meio.
Por exemplo,
haja vista a impossibilidade de torcedores fanáticos deixarem seus celulares
logados no Facebook enquanto assistem a uma importante partida de seu time do
coração.
Cada tipo de
consumidor de meio, mídia ou plataforma, se distingue no quanto adere, interage
e interfere naquele meio.
Em mídias
sociais, por exemplo, 96% dos usuários brasileiros veem posts e mensagens, mas
apenas 10% efetivamente editam, moderam e influenciam.
O desafio
nesse momento é atuar nesse cenário de maneira 360 graus.
Medir o
consumo, a interação e o retorno da sua mídia é tão obrigatório quanto analisar
os resultados, comparar propostas e indicadores.
Ao ouvir os
clientes desses três países, o IBOPE Media constatou que, para 66% deles, as
ferramentas de medição que eles possuem hoje carregam mais dados do que eles
conseguem analisar e sua preferência é por receber dados refinados
(pré-analisados), frente à necessidade de quantidade ou agilidade na
disponibilização da informação.
Nessa
avalanche de informação vivida, é necessário ver o copo meio cheio e observar
que existe a oportunidade de se explorar alternativas que tragam informações
mais trabalhadas, dados fusionados e soluções customizadas à necessidade, sem
se perder na amnésia observada por Eco.
Adaptado por
Sérgio Duarte de Overdose de Informações (fonte: www.Ibope.com.br)