Experiências com web rádios avançam no país
Difícil encontrar consenso sobre o quê, afinal, denominar de web rádio. Sites que só tocam "playlist"
Rádios que apenas reproduzem numa página da internet o mesmo conteúdo do dial? Ou as que têm uma
produção de conteúdo próprio e estão somente na web?
"Criou-
Esses serviços de 'streaming
Isso não é um serviço de rádio, mas de áudio na internet.
Não há a interação. É uma juke-box digital. É diferente de programação, com conteúdos pensados"
A gama de possibilidades também dificulta saber com precisão quantas web rádios já existem no país.
Marcelo Braga, ex-diretor da Mix FM e atualmente na web rádio Coca-Cola FM, arrisca, no entanto, a estimativa de 20 web rádios. Nessa conta entram as rádios que estão apenas na internet e que criam seu conteúdo.
Independentemente do número em operação, para alguns pesquisadores a web rádio é uma revolução, por prescindir de concessão governamental (qualquer um pode criar uma web rádio), ter alcance universal e um som que não depende de antenas.
"Com as web rádios, as pessoas que saem do país continuam acompanhando os jogos do time da sua cidade"
Mas ainda não está claro como sustentar economicamente uma web rádio.
As experiências, em muitos casos, têm sido de web rádios corporativas, como a que foi criada em 2011 pela Coca-Cola, portanto, contando com aportes do grupo de bebidas, pelo interesse em promover a marca pela proximidade de eventos como Copa do Mundo e Olimpíada.
Na Coca-Cola FM, uma programação é pensada para a rádio na internet, não há anúncios de terceiros,
mas há conteúdo comercial de parceiros.
A Coca-Cola não deixou de fazer anúncios em outras rádios por possuir agora sua própria emissora, mas Braga acredita que isso poderá ocorrer no futuro com o crescimento da rádio.
Para os anunciantes, a web rádio rompe alguns paradigmas.
Até hoje para levar suas mensagens pelo rádio, as marcas interferiam no conteúdo, comprando um "spot"
Na parte mais importante da programação, entrava o "break" e o "spot"
Já na web rádio de uma marca, a mensagem do anunciante permeia o canal em tempo integral. "Não adianta você querer parar no meio um programa e dizer: 'Espera um pouquinho que agora vou passar a minha mensagem'
Para Mariza Tavares, diretora de jornalismo da CBN, porém, as web rádios ainda não aconteceram. "O que está valendo para a audiência, a referência [ainda], é o mundo off-line. Não vi nenhuma web rádio que tenha chamado muito a atenção. Por enquanto, são experiências, mas nada que tenha feito frente ao velho mundo do rádio".
Por ora, as web rádios começam a jogar água numa outra questão, a da adoção de um modelo de rádio
digital, processo de transição similar ao que ocorreu com a televisão brasileira, na avaliação de algumas pessoas do setor.
"Acabou, não tem a menor chance de rádio digital mais", acredita Mariza.
Para Braga, o modelo de rádio digital no país, se nascer, nascerá quase morto.
"O rádio digital é visto como uma forma evoluída de distribuição de sinal por onda de rádio. Mas você tem algo muito mais abrangente, com tanta qualidade quanto e muito mais barato"
Fonte: http://www.valor.com.br