Estatísticas na Mídia, na Publicidade e em Estudos.
Por Alessandro N.de Mattos
Como mentir sutilmente como gráficos e estatísticas
ruins podem
enganar e confundir o leitor.
Estatísticas são usadas extensivamente na mídia, na
publicidade e em todos os tipos de estudo.
Não somente porque os números são capazes de informar de uma
maneira que as palavras não conseguem, ou sumarizar uma grande massa de dados em uma só afirmação, mas também
porque eles podem ser facilmente manipulados e expressos da maneira que for
mais conveniente, defendendo qualquer ponto de vista, e, contudo, sem você
estar tecnicamente mentindo.
Você não pode provar qualquer fato com estatísticas, mas
pode sempre encontrar algo bom ou mal para dizer sobre o assunto.
Estamos atolados por números e estatísticas que nos atingem
por todos os lados, afirmando verdades e gritando por uma importância que não
questionamos, por acreditar que se eles estão lá, devem estar corretos e devem
ser importantes para nós. São tantas estatísticas querendo provar todo tipo de
fatos, que muitas até mesmo se contradizem.
Raramente questionamos estes números por considerarmos que
se eles estão lá, são corretos e válidos, ou pelo menos alguém já teve o
trabalho de verificá-los.
Mas isto muitas vezes não é verdade; não passa de informação
falsa ou simplesmente não-informação.
Números que são publicados sem qualquer referência ou
verificação podem induzir as pessoas a ações e comportamentos prejudiciais.
Mesmo números que sempre acreditamos serem de suma
importância, como os índices das bolsas de valores, como o IBOVESPA, por
exemplo, são só a média de um conjunto
de ações de grandes empresas, e não representam o mercado de ações como um
todo.
A publicidade é um campo em que sempre temos que questionar
o interesse da fonte da informação sobre o que está sendo afirmado.
Mesmo nos casos em que estatísticas e avaliações são
creditadas a laboratórios independentes, possivelmente os números certos foram
escolhidos com um propósito ou algumas informações foram omitidas para
transmitir a mensagem certa.
Não é difícil se deparar com comerciais em: revistas, jornais, televisão, rádio, Internet
ou até em e-mails spams patrocinados por fontes suspeitas, afirmações do tipo
(todas elas são apenas exemplos fantasiosos, mas relembram bastante às
publicidades que estão por aí):
“Aveia ajuda a baixar as taxas de colesterol em 35% dos casos”, em um estudo de um
laboratório “independente” patrocinado por uma indústria de cereais.
“Chocolates ajudam a evitar cáries”, uma descoberta
creditada a uma marca de chocolates.
“Tomar café diariamente ajuda a melhorar a memória em 22%”, em pesquisa de uma associação de
produtores de café.
“Tomar café diariamente aumenta
em 67% as chances de ter gastrite”, em pesquisa de uma associação de
produtores de leite.
“Tomar vinho tinto todos os dias aumenta em 5 anos a expectativa de vida”, associação de vinícolas.
“Esse novo espremedor de laranja tira 28% a mais de suco que
os outros”, na caixa do eletrodoméstico sendo vendido no supermercado.
“Comer peixe 4 vezes por semana diminui em 58% a chance de
um ataque cardíaco”, associação dos comerciantes de peixe.
“Leite de cabra do Himalaia aumenta o nível de potência sexual masculina em 86% depois de 3
meses de uso diário”, importadores de leite de cabra do Himalaia.
Os mais desatentos podem não perceber, mas em todas essas
afirmações aparentemente claras, sucintas e diretas ao ponto, estão sérios
problemas de manipulação de números e omissão de dados importantes, além é
claro, do óbvio interesse do produtor na divulgação dessas informações.
O interesse do produtor geralmente está em exagerar alguma
nuance de seus dados estatísticos, para corroborar a sua opinião ou ponto de
vista.
É o que mais comumente acontece nos meios noticiosos, que
tendem a exagerar os quadros que as estatísticas sugerem para tornar as
matérias e reportagens mais interessantes e consequentemente mais vendáveis.
E é difícil acreditar que essas distorções são motivadas por
pura ignorância ou preguiça, e que não há uma dose de culpa do produtor, pois
quase sempre as situações são exageradas, e quase nunca minimizadas.
Esses produtores de informação esperam que você engula
qualquer ponto de vista baseado em números escolhidos a dedo e em estatísticas
infundadas.
Adaptado por Sérgio Duarte.
Fonte: http://comomentirsutilmente.blogspot.com.br/2009/05/estatisticas-na-midia-na-publicidade-e.html