domingo, 10 de março de 2013

Pare de ouvir os seus consumidores


Pare de ouvir os seus consumidores

Stop Listening to Your Customers
Por Steve Martin com tradução livre de Sérgio Duarte

O que poderá persuadir o consumidor?

Cada segmento de negócio tem o interesse no que pode influenciar e convencer clientes e consumidores.

Uma das estratégias mais comuns para chegar a respostas a esta proposta é simplesmente fazer perguntas diretas aos clientes.

Existem várias maneiras que isto pode ser feito. 

Por exemplo, você pode perguntar aos seus clientes diretamente durante um encontro cara a cara ou; você pode levá-los a responder a um questionário (ou a até mesmo através de um questionário online através da web).

Você pode até mesmo terceirizar esta tarefa a uma agência de pesquisa de mercado que vai realizar pesquisas como também pesquisa de grupos de foco (focus group) para sua marca.

Mas, independentemente de como você vai elaborar as perguntas, é preciso reconhecer que há um problema fundamental a ser questionado: como persuadir os clientes em uma pergunta.

Na maioria das vezes os entrevistados não sabem dar a resposta através de uma estratégia de indução ou persuasão.

Não é que os consumidores não queiram responder as perguntas, visto que elas podem ter muitas opções no momento de uma entrevista. 

Devido a isto, ou seja, devido a existente abundância de opções de respostas, os clientes tem grande probabilidade de proporcionar erros em relação a algo perguntado.

Eis o porquê:

A maioria das decisões, que tomamos em nossas vidas está sobrecarregada de informações feitas fora da nossa consciência, influenciadas mais pelos contextos do que por nossas cognições (nota: por cognição entendesse como o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem nas nossas cabeças...).

Como resultado, ao se pedir a alguém para identificar o que vai influenciar o seu futuro com tipo de perguntas como: "me diga como você vai se comportar no futuro, quando você não está pensando sobre o assunto” 
Isto é muito pouco... e tem pouca consistência.

Os cientistas comportamentais Wes Schultz e Robert Cialdini nos fornecem evidências convincentes do porquê de pedir às pessoas para prever o que vai influenciar suas futuras decisões e comportamentos.

Em uma série de estudos, eles perguntaram a várias centenas de proprietários de imóveis na Califórnia, E.U.A., para prever qual das quatro mensagens seria mais bem sucedida em persuadir os moradores em tomar medidas para economizar energia e reduzir o consumo geral.

As quatro sentenças da pesquisa foram:

1) a conservação de energia tem ajudado o meio ambiente;
2) conservação de energia tem protegido as sociedades futuras;
3) conservação de energia tem ajudado a poupar dinheiro;
4) muitos dos seus vizinhos já estão conservando energia.

Com estas sentenças, observou-se que os consumidores tiveram menor influência em seus comportamentos nas respostas.

Os pesquisadores descobriram que a mensagem mais eficaz quando se trata de mudança de comportamento fora rejeitada pela maioria dos entrevistados.

Logo, o desejo das pessoas de manter as aparências é universal e automática.

Por exemplo, estudos têm demonstrado que, em comparação com a abordagem habitual de conhecer sobre as pessoas que não conseguem pagar os seus impostos em dia, por exemplo. É muito comum a um entrevistado informar que na maioria das vezes ter pago os impostos municipais (nota do autor: como o IPTU), sem ter quitado o referido tributo.

Não só somos muito pueris em reconhecer o que vai influenciar o nosso comportamento futuro, como não podemos reconhecer claramente situações futuras.

Também , em um outro clássico estudo realizado em uma lotada estação de metrô da cidade Nova York, depois de contar o percentual de passageiros que dariam uma contribuição no chapéu de um músico, os pesquisadores fizeram uma pequena alteração para o cenário:
- " logo, imediatamente antes de um passageiro (futuro entrevistado) se aproximasse do músico, uma outra (que estava próxima a ele) iria jogar algumas moedas no chapéu do músico”

O resultado? 

Um aumento de oito vezes no total das doações.

Quando entrevistado novamente, os respondentes que fizeram suas doações não atribuíram suas ações para o fato de terem visto alguém dar dinheiro anteriormente, preferindo justificar  com as seguintes frases: 
"Eu gostei da música que ele estava tocando",
"Eu sou uma pessoa generosa", e
"Eu senti pena do cara."

Então, quando se trata de chegar ao coração do que realmente dirige as decisões dos consumidores e seus comportamentos, uma mensagem aparece: - Pare de ouvir seus clientes.

Isoladamente, esta mensagem se limita a chamar a atenção e promove uma alternativa importante que eu acredito: - Comece a observar os consumidores.

A implicação parece clara: Faça menos perguntas sobre o que as pessoas pretendem fazer.

Em vez disso, elabore pequenos testes de campo e estudos de controle  para observar o que realmente fazem os consumidores.

Na maioria dos casos, será muito mais barato do que as abordagens tradicionais de pesquisa de mercado, como as perguntas no início deste texto, e logo as percepções surgirão e poderão fornecer uma real vantagem competitiva para o seu negócio.


STEVE MARTIN
Steve Martin é o autor do artigo 2012 Outubro Harvard Business Review "98% dos leitores HBR ama este artigo" e é co-autor do livro apontado como os maisvendidos do jornal  The New York Times:
Yes! 50 Scientifically Proven Ways to be Persuasive.