domingo, 11 de agosto de 2013

Para quem gosta de Rádio (1)

Era uma vez... O Rádio

De forma inédita um pequeno público com acesso a 80 receptores espalhados pelas cidades de Niterói, Petrópolis e Rio de Janeiro ouviu o pronunciamento do presidente Epitácio Pessoa e a ópera o Guarani de Carlos Gomes, diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1922.

A primeira transmissão, experimental pelas ondas do rádio, nas comemorações do centenário da independência do Brasil foi possível através de um transmissor de 500 watts (fornecido pela empresa norte-americana Westinghouse) instalado no Corcovado para um segmento seleto de pessoas, que tiveram acesso a uma nova tecnologia através de Amplitude Modulada – AM (com a difusão de ondas eletromagnéticas- hertzianas).

No ano seguinte, Edgard Roquette-Pinto - precursor da radiodifusão brasileira - inaugurava a primeira emissora de rádio brasileira: a Rádio Sociedade (Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro) com uma narrativa de caráter basicamente educativo-cultural que funcionava como uma sociedade real, sobrevivendo das doações de seus sócios com a proposta de segmentar o serviço radiofônico para um futuro grupo de interessados em receber o sinal da emissora.
Hoje, o que as operadores de televisão fazem, o Edgard já fazia... E fez bem.
Com os associados ao novo modelo de negócio, Pinto notou que o ouvinte que passaria a utilizar o novo meio de comunicação deveria ser transformado em uma audiência única e receptora das mensagens (de acordo com modelo da teoria Matemática da Comunicação (SHANNON e WEAVER, 1949), divulgado no jornal Bell System Techical).
O modelo que é divulgado nas escolas de comunicação mundo afora: Emissor, mensagem e receptor... 
Seu primeiro desafio foi, sem dúvidas, formar uma audiência com ouvintes das mensagens divulgadas pelo novo meio que não tivessem dificuldades com a utilização de uma inédita tecnologia (com os altos valores de aquisição) e que pagassem pelo serviço.

A criação do conceito Rádio-clube com a filiação de um segmento de ouvintes com características e interesses comuns nas transmissões da emissora ocasionou na sustentação da rádio no início de suas operações no Rio de Janeiro.
Este conceito incipiente de audiência segmentada foi importante para a consolidação inicial das operações, mas não logrou êxito devido às novas tecnologias que viriam a surgir na mesma velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas e que barateariam o acesso ao novo meio de comunicação.

Com o crescimento econômico brasileiro e chegada da indústria elétrica nos anos 30, nova mudanças tecnologias viriam a movimentar a radiodifusão e os negócios de Roquette-Pinto: são fabricados novos receptores (menores e portáteis) de rádio; a redução do preço dos aparelhos; e a consequente introdução do rádio comercial.
Esses fatores promoviam o rádio como o primeiro meio de comunicação de massa eficiente para cobertura de grandes segmentos da população brasileira devido à propagação das ondas hertzianas, pois as ondas eletromagnéticas viajam na velocidade da luz no vácuo.
Com rádios portáteis e com grandes aparelhos nas salas das pessoas modificava-se o habito de consumo do meio de comunicação e podia-se ouvir a emissora em quaisquer lugares.

Através da possibilidade de cobertura local e nacional pelas ondas eletromagnéticas hertzianas do rádio, em 1936, surge o primeiro grande concorrente de Roquette-Pinto: a rádio Nacional, do Rio de Janeiro, a primeira a ter grande alcance em várias cidades do  Brasil com programas de auditório, comédias e novelas, em um processo claro estratégico de segmentação de massa.
Neste mesmo ano, Edgard Roquette-Pinto doa a sua emissora ao Ministério da Educação, que a transforma em Rádio MEC, mantendo-se a finalidade inicial pretendida: educativo-cultural.
 
Continua...